Instalada nos primeiros anos de Brasília, escultura se tornou um dos símbolos mais conhecidos de Brasília e uma homenagem àqueles que construíram a capital
A obra de Bruno Giorgi foi esculpida em 1959 em bronze | Foto: Divulgação/Arquivo Público do DF
O verdadeiro significado da estrutura é algo discutível entre os historiadores. Para alguns, a imagem de duas pessoas se abraçando é uma forma de dizer que guerreiros estão lutando por um país igualitário, já que os poderes estão reunidos na praça, o que representaria um símbolo de união, força e equilíbrio.
Em uma entrevista que integra o acervo do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), Bruno Giorgi afirmou que a escultura era uma homenagem aos candangos, trabalhadores que vieram de vários estados do país para construir a nova capital federal. “O artista foi contratado pela Novacap para fazer a obra. Ele fez uma pequena maquete da estátua que foi aprovada pela companhia e pelo próprio Oscar Niemeyer. Segundo o artigo, a maquete participou da Bienal em São Paulo em 1957, e lá, com várias outras, estava batizada de Os Guerreiros. Quando foi trazida para cá, ela mudou de nome para Os Candangos”, conta o historiador do ArPDF, Elias Manoel da Silva.
Entre grandes monumentos de Oscar Niemeyer, como os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, a escultura se destaca na Praça dos Três Poderes | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Na época, os profissionais que trabalharam na construção da capital já haviam se apropriado do título Os Candangos para se referir à escultura. A apropriação dos trabalhadores foi confirmada anos depois pelo artista. O artigo ainda diz que a escultura estava prevista para ser instalada no Palácio do Planalto. E a Novacap e o artista reviram o espaço e acharam melhor colocar na Praça dos Três Poderes, voltada para o Planalto. Na mesma entrevista, Giorgi diz, ainda, que teve total liberdade: “Não me deram nenhum tema para fazer; eu fiz porque gostava daqueles dois elementos juntos”.
Potencial turístico
Entre grandes monumentos de Oscar Niemeyer, como os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, a escultura se destaca na Praça dos Três Poderes pelo tamanho e por ser mais um dos pontos turísticos da capital federal, apreciado pelos turistas.
“A escultura ‘Os Candangos’ representa toda a força e dedicação dos trabalhadores que deixaram casas e famílias em busca de oportunidades de emprego na construção de Brasília”Cristiano Araújo, secretário de Turismo
“[A escultura] Os Candangos representa toda a força e dedicação dos trabalhadores que deixaram casas e famílias em busca de oportunidades de emprego na construção de Brasília. A obra de Bruno Giorgi é reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], sendo muito admirada pelos visitantes da capital e destacando-se no cenário cívico da cidade”, afirma o secretário de Turismo, Cristiano Araújo.
Bruno Amaral: “A cidade é um museu a céu aberto; passeando de carro ou de ônibus, podemos observar os monumentos pelas ruas” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Para o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramon, a praça como um todo tem uma importância simbólica por conectar os Três Poderes da República. “A praça é onde as pessoas se encontram, celebram a democracia, o centro do país. Um espaço de passeio, de lazer, e hoje recebe milhares de visitantes ao redor, pois tem um potencial histórico, cultural e cívico. Também representa uma bela viagem ao passado, presente e futuro da nação”, destaca Ramon.
Passeando com os dois filhos pela Praça dos Três Poderes, e à sombra da escultura Os Candangos, o brasiliense Bruno Amaral salienta a importância dos monumentos presentes no local. “Gosto dessa curiosidade que a cidade oferece para os turistas, como a maior bandeira hasteada do mundo, essa escultura, entre outras. A cidade é um museu a céu aberto; passeando de carro ou de ônibus, podemos observar os monumentos pelas ruas e não é como qualquer outra cidade do país, aqui tem muitos. Sou curioso e gosto de repassar essas peculiaridades para os meus filhos”, finaliza.