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O rock de Brasília está de luto com a morte de Canisso, aos 57 anos

Baixista “Raimundo” fica associado à banda que reanimou o espírito adolescente do rock na década de 1990


Houve um momento lá na primeira metade dos anos 1990 que as bandas brasileiras de rock projetadas na década anterior estavam fazendo discos mais conceituais, quase herméticos, sérios demais. Por mais que tivessem méritos, álbuns como Titanomaquia (1993) e Severino (1994) – das bandas Titãs e Paralamas do Sucesso, respectivamente – distanciaram o rock e os grupos do público-alvo juvenil do gênero.

Foi nessa brecha, aberta ironicamente por selo administrado pelos Titãs, Banguela Records, que Canisso – nome artístico do baixista e compositor paulistano José Henrique Campos Pereira (9 de dezembro de 1965 – 13 de março de 2023) – alcançou o sucesso.

Canisso foi o baixista da formação clássica da banda brasiliense Raimundos. O grupo tinha nascido em 1987, mas foi em 1994, no vácuo aberto pela geração 80, que Canisso, Rodolfo Abrantes (voz), Digão (guitarra) e Fred Castro (bateria) despontaram instantaneamente para o estrelato com o primeiro álbum, Raimundos, disco que reanimou o espírito adolescente do rock brasileiro ao ser lançado naquele ano de 1994 com produção musical do antenado Carlos Eduardo Miranda (1962 – 2018) e com hits como Selim (parceria dos músicos da banda com Cristiano Telles).

Baixista querido no universo roqueiro brasileiro, Canisso – morto na manhã de hoje, aos 57 anos, após desmaio decorrente de queda – fica eternamente associado a esse espírito juvenil dos Raimundos, banda que despontou com energia adolescente e com mistura explosiva de ritmos brasileiros (em especial, os nordestinos) com hardcore, grunge, funk metal e skate punk, dando o tom de tendência que seria seguida pelo rock nacional naquela década de 1990. O peso do forrocore dos Raimundos surgiu turbinado com alta dose de testosterona.

Roadie antes de se firmar como músico, Canisso foi baixista fiel aos Raimundos, embora tenha deixado a banda entre 2002 e 2007, período em que tocou – precisamente de 2002 a 2004 – com o grupo formado pelo vocalista dissidente Rodolfo Abrantes, Rodox.

Como integrante dos Raimundos, Canisso se tornou popstar nos áureos anos 1990, década de álbuns como Só no forevis (1999), disco best-seller cujo repertório gerou megahits como Mulher de fases (Rodolfo Abrantes e Digão, 1999) e A mais pedida (1999), música de autoria creditada a todos os integrantes da banda na época.

O toque do baixo de Canisso também fica imortalizado em álbuns menos emblemáticos, mas coerentes com a ideologia dos Raimundos, como Éramos 4 (2001), Kavookavala (2002), Roda viva (2011) e Cantigas de roda (2014).

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